Juliano Abe

Nunca o trajeto entre Mogi e São Paulo foi tão demorado. Só que desta vez não pude culpar o trânsito, e nem atribuir a demora a um acidente inesperado. Incrivelmente o tráfego na Rodovia Ayrton Senna, na Marginal Tietê e no Centro de São Paulo estava calmo, tranquilo, como num feriado. Entretanto, diferentemente palpitava meu coração, que o fazia acelerado, ansioso, em ritmo de carnaval ou de uma final de Taça Libertadores da América.

Não sou pai de primeira viagem. A gravidez foi programada. Também não houve um repentino rompimento da bolsa. Tudo estava adequadamente preparado, previamente planejado.

Mas então o que explica o suor incessante das mãos, a secura da boca, as pernas que mal conseguiam acelerar e frear?

É difícil expressar sentimentos em palavras, pois frequentemente externamos nossos sentimentos usando todas as partes do corpo. Quando estamos alegres, soltamos um sorriso de bochecha a bochecha, falamos com altivez, nos arrepiamos, às vezes saltamos num mesmo lugar, batemos palma. Mas colocar tudo isso na ponta do lápis é talento que poucos escritores detém, e convenhamos estou longe de ser um.

Ontem me tornei mais um pai como tantos outros que existem Brasil afora. Estava na mesma situação daqueles com quem me deparei na maternidade. Orgulhoso, apreensivo, esperançoso e com medo. Ontem voltei a ser humano. Chorei silenciosamente. Perdi totalmente o controle de minhas razões. Era apenas pura alegria. Nada mais ocupava minha mente ou meu coração que tinham espaço naquele momento para um único sentimento: alegria.

Sou pai de uma filha. E agora pai de um filho. Gael Ryu Junji Abe passará a ser o nome que meu filho levará para a escola. Assinará documentos. Se identificará junto aos amigos. E quem sabe um dia, se ainda existir esta tecnologia, postará seu perfil no Facebook.

Agradeço de coração a todos, sem exceção, pelas lindas mensagens postadas

Agradeço a Deus a alegria e a benção que recebi.

Valeu Naty, porque ontem vc me fez o homem mais feliz do Planeta Terra!!!