‘Tinder’ da reciclagem: Match entre catadores e materiais

Artigos | 26 de março de 2018

Verdadeiros agentes ambientais que, juntos, são responsáveis pela coleta de quase 90% de todo o lixo reciclado no Brasil. São eles os catadores de materiais recicláveis, que de maneira independente ou até mesmo organizados em cooperativas, percorrem as ruas das grandes cidades, recolhendo os resíduos que são encaminhados diretamente à reciclagem ou para reaproveitamento, por meio de Logística Reversa.

Entretanto, alguns percalços ainda precisam ser vencidos pelos catadores, que embora contribuam imensamente com o meio ambiente com esse ofício, ainda vivem em uma situação social de vulnerabilidade e exclusão.

Um importante passo no sentido de minimizar esse cenário já está sendo dado. No dia 13 de fevereiro, depois de ter concorrido com outros dois mil projetos, o aplicativo Cataki ganhou em Paris o prêmio de inovação do fórum Netexplo, concedidos a projetos de tecnologia com maior impacto social e nos negócios.

A iniciativa é simples, mas funcional. Une catadores a empresas e cidadãos que querem descartar materiais recicláveis. Um “Tinder” da reciclagem. Quando as partes se encontram em localidades próximas, o “match” informa que o coletor pode passar para retirar os resíduos.

De julho do ano passado até agora, mais de 300 catadores de 30 cidades brasileiras se registraram no aplicativo. Forma-se, portanto, uma rede colaborativa que, em cidades como São Paulo e Recife, já está bem estruturada.

Trata-se, portanto, de uma ação que surgiu da iniciativa privada e que resultou em ganhos nos aspectos sociais, ambientais e, sobretudo, econômicos, uma vez que elevou significativamente a renda dos catadores de recicláveis. É neste sentido que precisamos aliar a tecnologia às nossas atividades diárias. Todos têm a ganhar.

Juliano Abe, vice-prefeito de Mogi das Cruzes, é advogado pós-graduado em Direito Ambiental pela USP e consultor em meio ambiente com especialização em Gestão Ambiental e Sistemas de Gestão Integrada