Os Resíduos Sólidos e o Nosso Futuro

Artigos | 7 de junho de 2019

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Varrer para debaixo do tapete é a forma de tirar da nossa frente algo que nos incomoda, mas que não resolvemos por não termos tempo ou energia suficiente naquele momento.

A situação descreve muito bem o que grande parte dos brasileiros ainda faz, conscientemente ou não, com o lixo que produz. Quando os resíduos indesejados saem de cena, seja na lixeira ou no caminhão de lixo, em vez de terem o destino correto, previsto em lei, ainda vão para lixões, depósitos a céu aberto, galerias pluviais, poluindo o meio ambiente.



Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), o Brasil é o 3° maior produtor de resíduos sólidos do planeta. Cada brasileiro gera em média um poupo mais de 1 kg de lixo por dia. E quase metade desse lixo ainda vai para lixões a céu aberto.

Em 2013, presidi a Comissão Especial de Vereadores (CEV), na Câmara Municipal, para discutir a destinação final dos Resíduos Sólidos produzidos em Mogi das Cruzes, que diariamente gera 400 toneladas de lixo.

Na ocasião, o relatório apresentado à Câmara, trazia diversas soluções e bons exemplos espalhados pelo mundo, que poderiam servir como novas alternativas em nossa cidade. Uma delas é a criação de uma usina de incineração de lixo, que geraria energia elétrica ou vapor, por meio da incineração dos resíduos. Na época, muitas preocupações surgiram em decorrência das emissões atmosféricas geradas pela queima do lixo, mas fica claro que os países de primeiro mundo, que detêm essa tecnologia, comprovam que essas emissões podem ser controladas.

A capacidade dos aterros sanitários é finita e a criação de uma usina, por exemplo, geraria a queda drástica do volume de lixo enterrado, reduziria o gasto com transporte e seria uma nova alternativa de geração de energia.

Para se ter uma ideia, a Alemanha, líder mundial em tecnologias e políticas de resíduos sólidos* – possui os índices de reaproveitamento mais elevados do mundo -, quer alcançar, até o final desta década, a recuperação completa e de alta qualidade dos resíduos sólidos urbanos, zerando a necessidade de envio aos aterros sanitários (hoje, o índice já é inferior a 1%). Desde junho de 2005, inclusive, a remessa de lixo doméstico sem tratamento ou da indústria em geral para os aterros está proibida.

Na Alemanha, a cadeia produtiva de resíduos emprega mais de 250 mil pessoas. Atualmente, estima-se que 13% dos produtos comprados pela indústria alemã sejam feitos a partir de matérias-primas recicladas. Várias universidades oferecem formação em gestão de resíduos, além de cursos técnicos profissionalizantes.

Com este pensamento, fica claro que Mogi das Cruzes e toda a Região do Alto Tietê, devem avaliar formas eficazes para a destinação de resíduos sólidos, pois o futuro destas cidades passa, diretamente, pela gestão de resíduos. O volume de lixo mostra a necessidade de incrementarmos, cada vez mais, maneiras de reduzir a quantidade de resíduos gerados, reutilizá-los ou reciclá-los. Além de estudarmos, hoje, uma forma de tratamento eficiente e sustentável.

*Fonte: Universidade de Columbia (EUA), 2016

Juliano Abe, vice-prefeito de Mogi das Cruzes, é advogado pós-graduado em Direito Ambiental pela USP e consultor em meio ambiente com especialização em Gestão Ambiental e Sistemas de Gestão Integrada